
Não se pode dizer que a fotografia é apenas o que está reproduzido, vai muito além. O fotógrafo quase nunca consegue expressar a totalidade de seus sentimentos. A fotografia está ali como a memória de um momento. Para quem somente observa a reprodução da imagem, seja em papel ou virtualmente, capta geralmente o que está explícito, o implícito é percebido por poucos.
Nas palavras de Boris Kossoy, “fotografia é memória e com ela se confunde.” Nela está registrado sempre um momento do passado, até então tido como um estatuto de verdade e realidade.
Como toda fotografia passa por um processo de elaboração, este deve ser observado quando interpretada a imagem. A sensibilidade deve ir além da mera observação. A construção e materialização da imagem não estão ligadas ao mero instante do clique, mas sim há um “complexo e fascinante processo de criação/construção de realidades”.
Por ser o registro de um momento já vivido, portanto imutável, a fotografia carrega simbologias muitas vezes não percebidas por quem não vivenciou o instante fotográfico ou paralisou o momento através da imagem.
As realidades aprisionadas nos papéis fotográficos já se perderam com a mobilidade dos seres, objetos e lugares, mas a dita sensibilidade pode permanecer nos instintos humanos, mesmo desaparecida a natureza e a materialização fotográfica do momento. Assim como a ficção gerada pela interpretação pode perpetuar nos imaginários.
Atualmente o fotógrafo tem o poder de captar e alterar uma imagem, indo além da realidade até então entendida como a fiel reprodução do mundo, violando significativamente os parâmetros de verdade estabelecidos.
E é a partir dessa falta de referência gerada pela dúvida na verdade real, que devemos olhar para as fotografias de maneira aprofundada, principalmente enquanto profissionais da comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário